sábado, 18 de agosto de 2007

Lembranças do meu pai

Do meu pai herdei a aparência física, principalmente, e também o espírito aventureiro,e uma vontade enorme de conhecer pessoas, de não ter medo de enfrentar a vida, de não temer nada nem ninguém, de não viver pela cabeça dos outros mas sim da minha.


Por causa dessa maneira de encarar a vida, nunca fomos ricos. Sempre tivemos uma situação estável financeiramente, mas ele sempre nos procurou passar a sua vasta experiência de vida: nada era dado gratuitamente,desde cedo mesmo muito cedo, começou a aplicar sobre nós o provérbio Chinês, que diz não dês um peixe; ensina a pescar.O meu pai era um homem de negocios e como tal cedo nos meteu o bichinho, de sequeres ter vai á luta...

Nos vícios dele, porque ele foi um fumador inveterado, sempre soube impor o respeito de não autorizar que alguém fumasse. Fomos 11 filhos, e só os dois mais novos fumaram. Sempre exigiu de nós respeito,tanto para com ele como socialmente. Nunca autorizou que um filho dele andasse à bulha com amigos ou outra qualquer pessoa, o respeito estava acima de tudo e de todos. Sempre nos ensinou a ter só o que era nosso. Lembro um dia uma colega da escola, para conquistar a minha amizade, deu-me uns brincos de ouro, teria eu os meus 10 anos. Ele ao tomar conhecimento através da minha mãe, pegou nos brincos e foi entregá-los á mãe da rapariga Não me disse nada mas penso que ficou contente, por eu ter contado em casa.


Sempre nos deu aquilo que lhe foi dado a ele, respeito pelas coisas da igreja, sempre nos guiou no sentido de que nos tornássemos boas pessoas, cumpridoras, respeitadoras e honestas.
O meu pai, não era homem de mostrar afectos, mas nós sabíamos que ele estava sempre perto quando dele necessitavamos,nunca nos abandonou apesar de Galâ e namorador… Muitas vezes recordo que quando eu dava um gemido pela noite devido a estar doente, ele se levantar e vir ver o que eu tinha, fazia o mesmo com os meus irmãos. Fazer-nos chá e se tinhamos febre colocar-nos panos molhados no corpo, até o febre baixar. Tinha um grande amor pelos filhos embora não o mostrasse e pela mulher muito á maneira dele sei que nos amava. Gostava de serões com familiares e amigos,de quando em vez existiam jantares lá em casa, onde nós (filhos) não tinhamos acesso, por sermos pequenos. O meu pai era muito estimado por toda a gente e muito respeitado.


Naquela época os vícios mais falados e praticados, eram os "inocentes" (fumo, bebida e jogo). Bons tempos aqueles em que drogas não sabíamos o que era a não ser coisas da drogaria para a higiene do lar e dos animais.


Exigia que, quando nos chamava, respondêssemos com a palavra "senhor" e nós o tratasse-mos por Paizinho, dizendo ser um tratamento respeitoso para com os pais e filhos, onde devia imperar o respeito. Frisava sempre que tinhamos de respeitar as pessoas mais velhas,não admitia faltas de respeito.

Procurei aproveitar bem tudo o que o meu pai me ensinou, pois nunca me deixei levar pela falta de respeito ou alguma vez esqueci o que simbolizava para ele um filho respeitador. Foi o meu Ídolo, sempre senti vaidade por ser filha daquele homem bonito e charmoso. Era um conquistador. Recordo-o como um galã que andava com "namoradas", mas a minha mãe não ligava, ou pelo menos ria-se quando lhe contávamos que o tínhamos visto com uma moça, nunca vi a minha mãe a discutir com o meu pai por ciúmes, talvés ela soubesse o quanto ele gostava dela. Quando ele chegava, claro, acusava-o de não ter vergonha e perguntava-lhe se era aquilo que queria ensinar às filhas. Ela ria-se, e respondia que não era nada com elas. Eu ria de feliz por o meu pai ser assim, ficava toda envaidecida, pois os pais das minhas amigas não eram como o meu ele era muito bonito e charmoso e muito muito vaidoso, lamento que o meu pai nunca me tivesse dado a oportunidade de lhe dizer que eu gostava muito dele.Ele era uma pessoa bastante austéra apesar de gostar muito dele e ter a certeza que ele nos adorava, ele era pouco dado a lamechices, ou pelo menos foi isso que sempre entendi.

O meu Pai foi o único homem que amei na vida, o meu pai foi o único homem que me amou, o meu Pai foi o único homem que me deu proteção, o meu Pai nunca soube quanto eu o amava... Sinto tantas saudades de quando eu era pequena andar ao colo do meu Pai abraçada ao pescoço dele. Lembro com uma certa nostálgia de estar sentada no joelho do meu pai enquanto ele conversava com amigos e a deitar a cinza do cigarro dele ao chão.Porque é que eu cresci. Eu queria aquele meu pai. Tenho alturas em que tenho tantas saudades dele.


Nos primeiros anos da minha vida olhava o meu pai e pensava que queria, um dia arranjar, um homem como ele. Apesar de um final de vida menos bonito, devido a desentendimentos com a minha mãe, nunca esqueço o meu pai,nos momentos importantes da nossa vida nunca nos abandonou, mesmo quando já não estávamos com ele. À maneira dele sei que nos trazia sempre carregados no coração.




Era assim o Meu Pai…

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Para que me serve cumprir a vontade dos outros e não ser eu própria!


"Havia num templo budista um mestre muito querido e respeitado por todos, pelos seus ensinamentos e pela sua maneira de ensinar pelo exemplo.

Um dia esse mestre ficou gravemente doente e certo de que sua morte estava muito próxima, encontrava-se numa enorme tristeza e conflito interior.

Um dos seus discípulos, ao visitá-lo, vendo tamanha aflição de seu mestre querido perante a morte, quis dar-lhe um incentivo e disse-lhe então:

- Mestre, como pode um homem como o senhor temer a morte? Sempre foi tão justo como Moisés, sempre foi tão desapegado das coisas terrenas como Buda, sempre foi tão amoroso e ensinou-nos que devemos perdoar como Jesus.Como podes ter medo da morte? Certamente irás direito ter com Deus...

O mestre numa amargura incrível respondeu:

Pois é exatamente isso que me aflige... Pois quando estiver na presença de Deus, Ele não só me irá perguntar, se fui justo como Moisés, desprendido como Buda e nem se amei e perdoei como Jesus... Ele vai me perguntar se eu!... Fui eu mesmo!"

Vivam mas não se esqueçam de ser vocês mesmos.

Beijinhos para todos