quarta-feira, 12 de setembro de 2007

De Cócoras



Chega hoje a Portugal umas personagens mais marcantes da cena internacional. O Dalai Lama, líder espiritual do Tibete, Prémio Nobel da Paz, vem mais uma vez visitar o país, sempre com uma mensagem de paz e tolerância, como poucos líderes em situação semelhante seriam capazes de o fazer.

Seguindo a habitual postura da política externa portuguesa, que è a sujeição aos interesses externos, neste caso da "grande potência" chinesa, para quem o Dalai Lama é um enorme incómodo, nenhum governante receberá o Dalai Lama, para não incomodar a clique governante chinesa. A China é, como se sabe, um dos países que menos respeito tem pelos direitos humanos, que são atropelados de modo gritante, e a invasão do Tibete é apenas mais um desses episódios, que só continua a persistir na memória das pessoas e na imprensa, precisamente pelo trabalho incansável do Dalai Lama.

Tenho vergonha destas governantes. Somos um país que nem sequer tem memória. Ainda há poucos anos clamávamos contra a hipocrisia americana em relação a Timor Leste e agora aqui estamos, na mesma posição que tanto criticámos, em relação ao Tibete. O bem falante ministro dos Negócios Estrangeiros, o bem falante primeiro ministro dmonstram uma enorme covardia política e não recebem o Dalai Lama, logo secundados por esse outro exemplo de frio calculismo, que é o Presidente da República, que informou não ter agenda para receber o Dalai Lama. Ao menos, Jaime Gama, o Presidente da Assembleia da República, fica melhor na fotografia, porque o Dalai Lama será recebido, ainda que na qualidade de líder religioso.

O comportamento do governo e da presidência é vergonhoso. Ao menos, podiam lembra-se do papel que Portugal tentou desempenhar com Timor e do que teve de suportar, nessa altura. Mas esta postura não se limita ao tratamento dado ao Dalai Lama. Em nome da realização da cimeira da União Europeia com África, a postura é a mesma. Se, para se realizar a cimeira, tiver de se permitir a presença de um dos mais repelentes líderes do momento, o sanguinário Robert Mugabe, pois então que seja.
Não têm vergonha. Bem podiam lembrar-se que, quem não se dá ao respeito, não é respeitado e que quem muito se agacha...

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