Sócrates e o seu governo são um dos expoentes máximos do viver para as aparências, atrever-me-ia quase a escrever, paradigma dos políticos modernos.
Do nosso primeiro, ouvimos apregoar com frequência a aposta decisiva na formação e no conhecimento. Uma mentira pode ser repetida muitas vezes, que até alguns se convecerão de que é verdade. O nosso primeiro repete muitas vezes a afirmação nessa aposta, com aquele ar solene e a voz de circunstância, que se lhe reconhece de tanta vez a ouvir. Se a aposta fosse verdadeira, talvez não fosse mau. A realidade, no entanto, encarrega-se, cruelmente, de desmentir as pias intenções.
A mais recente machadada na credibilidade da aposta foi dada pela recente aprovação do pomposo Estatuto do Aluno. Tal estatuto e vai permitir a todos os estudantes do Ensino Secundário que possam faltar quanto queiram, sem qualquer consequência, a não ser o "pesadelo" terrível, de terem de enfrentar uma prova de "recuperação". Grande castigo para os faltosos! Grande incentivo para o trabalho regular, durante o ano, dos estudantes empenhados, que pensei que era algo que se queria incentivar! Grande importância dada às recentes palavras do Presidente da República, de valorizar os docentes e o seu trabalho!
Porque faz isto esta gente (entenda-se, a D. Maria de Lurdes Rodrigues, e os seus muchachos, Valter Lemos e Jorge Pedreira, cujos nomes ficarão gravados a negro na história da educação em Portugal!)? Estarão eles convencidos que isto melhora alguma coisa ao nível do que os alunos aprendem? Não, não creio. Mesmo sendo do mais inepto que o país já viu nesta área, não são assim tão estúpidos. O mal é sempre o mesmo, no tal governo que vive de aparências: vive-se para a estatística conveniente, ou seja, o númerozito que demonstra a qualidade do desempenho governativo. Com tão inteligente medida, baixam-se artificialmente os números do abandono escolar, que não se conseguem combater com tanta facilidade se o caminho sério, e não fosse este.
Já vimos este filme. Ainda há pouco o ministro do emprego desvalorizou um número desfavorável da taxa de emprego, que sucedeu a outro que era mais risonho, esse sim, mais valorizado, porque os bons números demonstram sempre a excepcional qualidade do desempenho governativo, não é verdade?
Pois a D. Maria de Lurdes e os seus muchachitos vão na mesma onda. O que importa são as estatísticas de curto prazo, a oportunidade televisiva, a imagem de um governo sempre em movimento, reformador e reformista, independentemente da reforma ser uma m...!
O tal estatuto não se limita a eliminar as reprovações por faltas. A pena maior para qualquer infracção, independentemente da gravidade, será uma suspensão por 10 dias. Claro, não queremos que o jovem infractor vá engrossar, ainda mais, os números do abandono. Tudo pelos numerozitos convenientes que, no final, lá demonstrarão a competência da D. Lurdes... quem paga são os infelizes que passarão fugazmente pelo ensino, sem nada ganhar dessa passagem, a não ser uns diplomas, que não deverão valer, sequer, o papel em que serão impressos.
Maria de Lurdes, encarnação do demo na educação? Se não é, disfarça bem!
Tudo isto é mais uma oferta da competentíssima equipa do ministério da educação. Esta senhora e os dois ajudantes adicionam mais uma à lista das coisas boas que fizeram pela educção deste país. Podemos referir a alienação completa dos professores, o caso Charrua, os professores atacados por cancro obrigados a leccionar, os casos em que os tribunais condenaram o dito ministério por decisões ilegais, como a repetição dos exames do 12º ano. A tragédia da educação é ter esta gente, que existe para se auto justificar e não para procurar solução para os problemas. Infelizmente, quem paga são as pessoas reais e, a médio e longo prazo, o país!
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