quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Liberdade, bem inquestionável

É muito comum, quando se aproxima o 25 de Abril de cada ano, ver as televisões referirem o facto de uma boa parte dos jovens não terem bem ideia do que está associado ao dia em questão.

A verdade é que parece que não são só os jovens que se esqueceram do que de mais importante o 25 de Abril veio trazer: não a liberdade de pensar livremente, porque essa ninguém tira nunca, mas sim a liberdade de expressarmos as nossas opiniões livremente, em qualquer contexto, sem receio de represálias. Várias personalidades do Partido Socialista desempenharam um papel de grande importância na luta pela liberdade, mas o actual secretário geral do PS não parece dar muita importância ao tradicional papel de combatente pela liberdade que se reconhece ao PS.

São muitos os episódios que revelam a incomodidade governamental face a opiniões contrárias. O caso Charrua, o caso da directora do centro de saúde no Minho são do passado. Bem mais recente é a visita policial à sede de um sindicato, associada à classificação de “comunistas” daqueles que têm tido a coragem de se manifestar contra as muitas asneiras deste governo, a quem, que de certezas, só parece restar a auto assumida infalibilidade do nosso grande Primeiro. É uma lamentável visão esta, do histórico PS, combatente pela liberdade em geral em pela liberdade sindical em particular. Igualmente lamentável, e sintoma inquestionável do nosso atraso civilizacional, que algumas pessoas não percebam que, assim que aceitarmos restrições à liberdade de manifestação de opiniões, hoje toca aos outros, mas amanhã tocar-nos-á a nós. Quem aceita que se calem outras vozes só para agradar a quem se gosta, não serve a liberdade.



Sócrates: Será Vergonha? Não parece.


Se quem dirige o governo fosse um pouco mais que um vaidosão, que precisou de obter um título académico nas condições que todo o país conhece, não teria dificuldade em perceber que é mais útil quem discorda do que quem, na maior parte das vezes acefalamente, concorda, só para não desagradar ao chefe. Resquícios, certamente, dum passado que gostaríamos bem distante, mas que a realidade persiste em mostrar-nos bem presente!

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