Escrevo em testamento este poema.Que ele tenha, na angústia com que o ligo, O brilho rutilante duma gema achada nos farrapos de um mendigo. Ao vesperal crespúsculo da vida e sob o olhar é que o componho; Erguendo assim, por minha despedida,O último escalão dum alto sonho. Este poema é dedicado a todos os que como eu tiveram um grande sonho.
terça-feira, 31 de janeiro de 2006
Senhores Professores de Português
Muito se fala por aí que as pessoas na net dão muitos erros, até em tom brejeiro é costume ridicularizar quem por descuido dá um erro ortográfico, mas o texto que a seguir transcrevo, que me foi fornecido por uma amiga, contém erros ortográficos dados pelos alunos do ensino superior. De quem será a culpa?
Aqui vai...
Adecuados, presuazão, ao paço que, armonia, intensão, reconseção, objectivos demorosos, atensão, tra-rá, encantalos, humoral, prossedimentos, concorrençia, nesseçarios, precionado, alucação, deslacharem/desleixamentos, prosseguição, disturpação da informação, extende, execussão, conscialização, tem haver com, os próprios outputs onde ser reinvestidos, circuncisão administrativa...
Mas a mais fantástica, aquela que leva a Palma de Ouro é... (rufar dos tambores)
“A teoria da contingência convagina-se com a existência da tecnologia, ou seja, com a abertura comei-o ambiente...”
Eu sei que parece inacreditável, mas esta frase foi escrita por uma aluna do primeiro ano de um curso da área de ciências económico-sociais! Quando ouço falar em reforma educativa, alterações do currículo, formação de professores, etc. tudo isso soa distante, burocrático e cheio de boas intenções. Objectivamente, mais de 50% dos meus alunos não sabem escrever correctamente e esse facto afecta a forma como expressam os conteúdos da disciplina. Compreendo as boas intenções de políticos, administradores, educadores, entre outros, mas, sinceramente, há algo profundamente errado no sistema educativo quando os alunos deixam o ensino secundário sem saberem escrever...
quinta-feira, 26 de janeiro de 2006
"DEUS CARITAS EST"
18. Revela-se, assim, como possível o amor ao próximo no sentido enunciado por Jesus, na Bíblia. Consiste precisamente no facto de que eu amo, em Deus e com Deus, a pessoa que não me agrada ou que nem conheço sequer. Isto só é possível realizar-se a partir do encontro íntimo com Deus, um encontro que se tornou comunhão de vontade, chegando mesmo a tocar o sentimento. Então aprendo a ver aquela pessoa já não somente com os meus olhos e sentimentos, mas segundo a perspectiva de Jesus Cristo. O seu amigo é meu amigo. Para além do aspecto exterior do outro, dou-me conta da sua expectativa interior de um gesto de amor, de atenção, que eu não lhe faço chegar somente através das organizações que disso se ocupam, aceitando-o talvez por necessidade política. Eu vejo com os olhos de Cristo e posso dar ao outro muito mais do que as coisas externamente necessárias: posso dar-lhe o olhar de amor de que ele precisa. Aqui se vê a interacção que é necessária entre o amor a Deus e o amor ao próximo, de que fala com tanta insistência a I Carta de João. Se na minha vida falta totalmente o contacto com Deus, posso ver no outro sempre e apenas o outro e não consigo reconhecer nele a imagem divina. Mas, se na minha vida negligencio completamente a atenção ao outro, importando-me apenas com ser « piedoso » e cumprir os meus « deveres religiosos », então definha também a relação com Deus. Neste caso, trata-se duma relação « correcta », mas sem amor. Só a minha disponibilidade para ir ao encontro do próximo e demonstrar-lhe amor é que me torna sensível também diante de Deus. Só o serviço ao próximo é que abre os meus olhos para aquilo que Deus faz por mim e para o modo como Ele me ama. Os Santos — pensemos, por exemplo, na Beata Teresa de Calcutá — hauriram a sua capacidade de amar o próximo, de modo sempre renovado, do seu encontro com o Senhor eucarístico e, vice-versa, este encontro ganhou o seu realismo e profundidade precisamente no serviço deles aos outros. Amor a Deus e amor ao próximo são inseparáveis, constituem um único mandamento. Mas, ambos vivem do amor preveniente com que Deus nos amou primeiro. Deste modo, já não se trata de um « mandamento » que do exterior nos impõe o impossível, mas de uma experiência do amor proporcionada do interior, um amor que, por sua natureza, deve ser ulteriormente comunicado aos outros. O amor cresce através do amor. O amor é « divino », porque vem de Deus e nos une a Deus, e, através deste processo unificador, transforma-nos em um Nós, que supera as nossas divisões e nos faz ser um só, até que, no fim, Deus seja « tudo em todos » (1 Cor 15, 28).Adenda: podem ler o resumo desta encíclica (em português) aqui. (via O Insurgente)
Bento XVI, Carta Encíclica, "Deus Caritas Est" (um excerto)
segunda-feira, 23 de janeiro de 2006
Parabéns Sr. professor
quinta-feira, 19 de janeiro de 2006
Estas palavras valem o meu voto
“Considero dever do Presidente da República empenhar-se para que sejam ouvidos os legítimos anseios e os direitos dos grupos mais vulneráveis da nossa sociedade, como os deficientes, os idosos, os reformados, os desempregados e aqueles que, por não pertencerem a grupos organizados, não conseguem encontrar quem os defenda e alerte para as suas dificuldades”,
Na sua intervenção, Cavaco Silva cumpriu o que tem prometido. Não se desviou em nada do rumo que definiu. Lembrou que Portugal está em dificuldades, que existe uma grande preocupação com o futuro. E foi por isso que sentiu o "imperativo de consciência para se candidatar". Para levar Portugal para "o caminho do progresso, do sucesso", para que "as novas gerações não recebam uma herança muito pesada". "É possível. Sei que os portugueses são capazes".
domingo, 15 de janeiro de 2006
Aulas para homens*
Aulas para homens, no centro de estudos para adultos
Nota: devido à complexidade e dificuldade dos conteúdos, o número de participantes por aula será de oito no máximo.
Aula nº1 - Como encher as couvettes de gelo- passo a passo com apresentação powerpoint.
Aula nº2 - O Rolo de Papel Higiénico - Muda-se sozinho? Discussão de mesa redonda
Aula nº3 - É possível urinar usando a técnica de levantar o assento, evitando sujar o chão, as paredes e banheira? Trabalho de Grupo.
Aula nº4 - Diferenças fundamentais entre o cesto da roupa suja e o chão - Imagens e Gráficos explicativos
Aula nº5 - Pratos sujos - Podem levitar e voar até à banca da cozinha? Exemplos em vídeo.
Aula nº6 - Perda de Identidade - Perder o controle remoto para a nossa cara-metade - Linha e Grupos de Apoio
Aula nº7 - Como encontrar objectos- Começar por procurar nos locais certos e não virar a casa do avesso enquanto se grita.
Aula nº8 - Cuidados com a Saúde - Oferecer-lhe flores não danifica a sua saúde - Gráficos e cassetes audio.
Aula nº9 - Homens verdadeiros pedem indicações quando estão perdidos - Testemunhos da vida real
Aula nº10 - É geneticamente impossível estar quieto e calado enquanto ela estaciona? Simulações de condução.
Aula nº11 - Aprender a viver - Diferenças básicas entre Mãe e Esposa. Aulas online e desempenho de papéis.
Aula nº12 - Como ser o companheiro ideal de compras - Exercícios de relaxamento e meditação.
Aula nº13 - Como combater a atrofia cerebral - Recordar datas de nascimento, aniversários, outras datas importantes e telefonar a avisar que vai chegar tarde. Oferecem-se lobotomias e terapias de choque.
Aula nº14 - O forno/fogão - O que é e como se usa- Demonstração ao vivo.
No fim deste curso os sobreviventes receberão o respectivo diploma.
*Recebido por email, adaptado para português, para mulheres que precisam de rir e para homens com sentido de humor.
quarta-feira, 11 de janeiro de 2006
Ainda a questão dos Crucifixos... (2)
Com a devida vénia, reproduzo parcialmente, este post de Alexandre Sousa:
Marx ou Deus?
Marx ou Deus?
Foi nesse momento que recordamos a leitura de uma local no jornal “O Concelho de Proença-a-Nova”, jornal que frequentemente aborda temas educacionais com profundidade e interesse, proporcionando-nos momentos de óptima e reflectida leitura. Trata-se de uma frase dita por uma criança à sua professora de instrução primária: “Minha senhora, os livros não falam de Deus!”
(...)
Também fazemos eco de uma exigência justa de que o ensino tem de ser um natural direito de todos, pela que a sua democratização é absolutamente urgente e necessária, mas cremos ser também necessária uma democracia pedagógica. Não pode, nem deve, ser esquecido, o ambiente que rodeia a criança, fora dos livros escolares.
Através da leitura de Marx, verificamos que a laicização faz parte do seu programa ideológico. Esta concepção marxista do mundo e do próprio homem foi colocada de repente, e em pouco tempo, perante os espíritos ainda virgens dos nossos pequenos estudantes. E estes não conseguem encontrar a mínima ambiência que os tem rodeado, e ainda continua a rodear, quer queiram quer não.
(...)
Como pais temos uma palavra a dizer e é no diálogo conjunto que temos de procurar descobrir os caminhos e objectivos que permitam a construção do equilíbrio na educação dos nossos filhos.
(...)
Destruir as raízes fundamentais do valor histórico de um Povo, seria destruir a nossa própria essência de homens. Alexandre Sousa.
sexta-feira, 6 de janeiro de 2006
Ainda a questão dos Crucifixos..
Nos últimos meses têm surgido várias notícias preocupantes que indicam uma autêntica perseguição ao Cristianismo no mundo Ocidental. Entre elas:
Jesus existiu? Tribunal vai decidir
Anúncio religioso fere susceptibilidades
Rapariga proibida de usar colar com um crucifixo
Felizmente, Portugal ainda está longe de viver tempos atribulados no que diz respeito à liberdade religiosa. Concordo quando afirmam que a Igreja Católica tem alguns privilégios, mas tal seria de esperar quando a esmagadora maioria dos portugueses são católicos. Tendo em conta que não há conversões forçadas, nem conflitos intra ou inter-religiosos, achei desnecessário (e numa altura em que o país precisa de debates sérios sobre situações sérias) que o Ministério da Educação cedesse a caprichos de laicistas incomodados com meia dúzia de crucifixos nas paredes de algumas escolas públicas. Por isso, para quê levantar este problema, agora?
A tradição cristã, ao contrário do que alguma minoria nos quer fazer crer, faz parte da nossa cultura e da nossa História. Porque deve o Estado laico reprimir uma expressão inócua que faz parte da nossa identidade? Porque não podem as comunidades cujas crianças frequentam as escolas públicas decidir se os crucifixos devem ser ou não retirados? E o laicismo do Estado não será também uma espécie de religião? E onde acaba a intervenção do Estado e começa a liberdade indívidual?
Por isso encaro a questão dos crucifixos como um Cavalo de Tróia. A seguir, proíbem os professores e alunos de usarem símbolos religiosos, a seguir acabam com a festa de Natal nas escolas públicas, a seguir retiram os cruzeiros das ruas do nosso país, acabam com os feriados religiosos e proíbem as procissões porque os espaços e as ruas são públicos...
Os únicos que ficarão satisfeitos com tais medidas, serão uma minoria dentro da minoria (não totalmente satisfeitos, porque o fim dos feriados religiosos seria uma chatice para todos). A maioria do povo tem uma fé, seja ela cristã, judaica, muçulmana ou outra. A maioria do povo sabe conviver em harmonia e respeita a crença alheia.
Muito honestamente, quem se sente ofendido ou perturbado quando olha para este símbolo:
Para terminar deixo este link (em inglês) - E se um juíz cancelasse as celebrações de Natal?
segunda-feira, 2 de janeiro de 2006
Entrevista a Francisco Louçã
Um destes dias, no meio da azáfama diária, enquanto passava por uma das avenidas de Braga, fui surpreendia pela estridente música que acompanha a bloquista caravana presidencial. À frente dos músicos, um conjunto de conhecidas figuras do nosso panorama audio-visual: Francisco Louçã, Fernando Rosas, Luis Fazenda, Ana Drago. Obecendo a um irresistível impulso, acerquei-me do grupo e dirigi-me ao Francisco Louça, interpelando-o: “caro Francisco, não me quer dar uma pequena entrevista?” Não sairá no jornal das 20h00, mas será publicada no meu blog, em suspirar.blogspot.com.
Chiko Louçã, sempre solícito como só ele sabe, respondeu de imediato: “Mas claro que sim, claro que sim. Sei bem que há prái uns blogs reaccionários, do 24 A, espero que o seu não seja um desses... Mas deixe lá, mesmo que seja, a nossa candidatura é de inclusão, é de todos, mesmo daqueles que não estando agora no bom caminho, concerteza poderão ainda votar nesta candidatura, que é dos portugueses e das portuguesas...”
CR(epúsculo)- “Muito bem, então. Quer fazer um balanço da receptividade que os portugueses e as portuguesas têm dado à sua campanha?”
C(hiko)L(ouçã) – “ Eu acho que a campanha está a correr muito bem. A nossa candidatura é uma candidatura que fala claro, uma candidatura de rigor. Isso tem sido muito bem recebido pelos portugueses e pelas portuguesas. Repare, o sucesso da mensagem tem sido tão grande, que até aqui o Fernando Rosas, que tinha uma enorme atracção pelo Mário Soares, acabou por se arrepender e já aderiu às nossas propostas. Estou convencido que se a coisa continua a correr deste modo, até a Joana Amaral Dias (NR: mandatária para a juventude de Mários Soares) acabará por voltar para nós e recebe-la-emos no nosso seio com todo o agrado, como portuguesa que é. ”.
Fernando Rosas, situado por trás de Louça, com aquele ar típico de emplastro (só lhe falta o sinal) agarrou a oportunidade: “É verdade, é verdade. Estou verdadeiramente surpreendido com a qualidade das propostas aqui do Chiko. Acho até que devíamos criar um espaço político que lhes desse substância.... Ai, ai, Ui...” . Olhei, para ver a que se deviam os gritos de Rosas e pude ver a perna de Fazendas a afastar-se, depois de ter pregado uma valente canelada em Rosas...Rosas fazia esgares de dor, Fazendas tartamudeava “ Este está passado de todo... bem dizia que não o devíamos deixar participar na campanha....Ai Ui Ai....” Fazendas tinha acabado de levar um calduço dado por Ana Drago, que do alto da sua pequena estatura, assumia um ar protector em relação a Rosas... (Bolas, pensei eu, que grupo violento... Será que todos os bloquistas são assim? Pelo menos parece...)
Chiko Louçã, sempre o estratega, deu-me o braço e afastou-me da cacofonia de ais e uis e esgares de dor de Rosas e Fazendas... “Mas então pergunte, minha querida portuguesa, pergunte, não tem mais perguntas para mim ?”
CR.- “Sim, claro que sim. Então, sabendo que estamos na cauda da Europa, escolha lá 3 medidas a propor para ultrapassarmos essa situação”.
CL – “Excelente pergunta, excelente pergunta, porque tenho exactamente 2 medidas a propor que nos colocariam na vanguarda da Europa.
Em primeiro lugar penso que devemos legalizar o casamento entre cidadãs. Se o fizermos, estaremos entre os primeiros da Europa, a par de potências como a Espanha e o Reino Unido, e à frente de todos os outros. Seria um excelente pontapé de saída para a nossa caminhada rumo ao pelotão da frente da Europa. Não acha?”
CR – “Hmmm... pois, sim, ... já estou mesmo a ver que a vossa especialidade é o pontapé, nas suas mais variadas manifestações: prá frente, nas canelas... Então e a segunda medida?”
CL – “A segunda medida seria a consolidação da primeira – legalizar o casamento entre cidadãos do sexo masculino...”
CR – “Mas... não estou a perceber... como é que medidas dessas nos colocam no pelotão da frente?”
CL – “Minha querida portuguesa, é muito simples, vou falar claro e com rigor. Ao assumirmos estas medidas tão inovadoras estaríamos entre os primeiros da Europa a fazê-lo, e como sabe, depois de estarmos entre os primeiros, não vamos querer deixar de continuar nessa posição. Por isso, o falar de pontapé de saída. Depois, como sabe, para além do carácter pioneiro que tal medida assumiria na Europa, poderia ter também um impacto económico enorme, ao nível da expansão do turismo. A comunidade LGBT é uma comunidade de forte poder económico, pelo que as excursões para casar cá acorreriam em massa, vindas de toda a Europa. E, ainda mais, pense que se incentivarmos estas medidas, já viu o que se vai poupar em subsídios de nascimento? Isso seria de fundamental importância para as depauperadas finanças públicas...”
CR – “Pois, pois estou mesmo a ver... Mas isso são apenas 2 medidas. Então e a terceira?”
CL- “Sim, sim claro. Pensamos que os portugueses e as portuguesas têm de ter quem lhes fale claro e acho que é fundamental que sejam introduzidas medidas para acabar com os “candidatos-bandidos...”
CR – “Candidatos Bandidos? Mas isso não era nas autárquicas? Não passou a campanha a clamar contra as Felgueiras, os Isaltinos e Valentins?”
Nesse momento, Fazendas aproximou-se de Louçã e dizendo em tom baixo, mas sem conseguir evitar que o ouvisse “Chiko, Chiko, não fales sobre isso, pá. Já te esqueceste que votámos contra essa lei no parlamento?”. E falando mais alto, para mim, disse “Desculpe cara portuguesa, mas já estamos atrasados. Se tiver mais perguntas, envie-as por correio para a direcção da campanha”. E puxou Louçã, que sem perder a compostura, lá foi com ele. Rosas, no excelente papel de emplastro que desempenha, voltou-se repetindo ainda a tirada inicial: “Fique atenta minha querida, que um dia destes ainda criamos um espaço político para corporizar as propostas aqui do Chiko. É que elas são excelentes... até eu já reparei nisso, veja lá”. E ainda consegui ouvir Fazendas de novo “Eu bem dizia que não devias trazer este prá campanha...”
E lá se foram, no meio dos sons dos tambores, cada vez mais distantes...
Nota CR: Qualquer semelhança entre os personagens desta estória e personalidades vivas ou mortas é mera coincidência...
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