segunda-feira, 2 de janeiro de 2006

Entrevista a Francisco Louçã

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Um destes dias, no meio da azáfama diária, enquanto passava por uma das avenidas de Braga, fui surpreendia pela estridente música que acompanha a bloquista caravana presidencial. À frente dos músicos, um conjunto de conhecidas figuras do nosso panorama audio-visual: Francisco Louçã, Fernando Rosas, Luis Fazenda, Ana Drago. Obecendo a um irresistível impulso, acerquei-me do grupo e dirigi-me ao Francisco Louça, interpelando-o: “caro Francisco, não me quer dar uma pequena entrevista?” Não sairá no jornal das 20h00, mas será publicada no meu blog, em suspirar.blogspot.com.
Chiko Louçã, sempre solícito como só ele sabe, respondeu de imediato: “Mas claro que sim, claro que sim. Sei bem que há prái uns blogs reaccionários, do 24 A, espero que o seu não seja um desses... Mas deixe lá, mesmo que seja, a nossa candidatura é de inclusão, é de todos, mesmo daqueles que não estando agora no bom caminho, concerteza poderão ainda votar nesta candidatura, que é dos portugueses e das portuguesas...”

CR(epúsculo)- “Muito bem, então. Quer fazer um balanço da receptividade que os portugueses e as portuguesas têm dado à sua campanha?”
C(hiko)L(ouçã) – “ Eu acho que a campanha está a correr muito bem. A nossa candidatura é uma candidatura que fala claro, uma candidatura de rigor. Isso tem sido muito bem recebido pelos portugueses e pelas portuguesas. Repare, o sucesso da mensagem tem sido tão grande, que até aqui o Fernando Rosas, que tinha uma enorme atracção pelo Mário Soares, acabou por se arrepender e já aderiu às nossas propostas. Estou convencido que se a coisa continua a correr deste modo, até a Joana Amaral Dias (NR: mandatária para a juventude de Mários Soares) acabará por voltar para nós e recebe-la-emos no nosso seio com todo o agrado, como portuguesa que é. ”.

Fernando Rosas, situado por trás de Louça, com aquele ar típico de emplastro (só lhe falta o sinal) agarrou a oportunidade: “É verdade, é verdade. Estou verdadeiramente surpreendido com a qualidade das propostas aqui do Chiko. Acho até que devíamos criar um espaço político que lhes desse substância.... Ai, ai, Ui...” . Olhei, para ver a que se deviam os gritos de Rosas e pude ver a perna de Fazendas a afastar-se, depois de ter pregado uma valente canelada em Rosas...Rosas fazia esgares de dor, Fazendas tartamudeava “ Este está passado de todo... bem dizia que não o devíamos deixar participar na campanha....Ai Ui Ai....” Fazendas tinha acabado de levar um calduço dado por Ana Drago, que do alto da sua pequena estatura, assumia um ar protector em relação a Rosas... (Bolas, pensei eu, que grupo violento... Será que todos os bloquistas são assim? Pelo menos parece...)

Chiko Louçã, sempre o estratega, deu-me o braço e afastou-me da cacofonia de ais e uis e esgares de dor de Rosas e Fazendas... “Mas então pergunte, minha querida portuguesa, pergunte, não tem mais perguntas para mim ?”

CR.- “Sim, claro que sim. Então, sabendo que estamos na cauda da Europa, escolha lá 3 medidas a propor para ultrapassarmos essa situação”.

CL – “Excelente pergunta, excelente pergunta, porque tenho exactamente 2 medidas a propor que nos colocariam na vanguarda da Europa.
Em primeiro lugar penso que devemos legalizar o casamento entre cidadãs. Se o fizermos, estaremos entre os primeiros da Europa, a par de potências como a Espanha e o Reino Unido, e à frente de todos os outros. Seria um excelente pontapé de saída para a nossa caminhada rumo ao pelotão da frente da Europa. Não acha?”

CR – “Hmmm... pois, sim, ... já estou mesmo a ver que a vossa especialidade é o pontapé, nas suas mais variadas manifestações: prá frente, nas canelas... Então e a segunda medida?”

CL – “A segunda medida seria a consolidação da primeira – legalizar o casamento entre cidadãos do sexo masculino...”
CR – “Mas... não estou a perceber... como é que medidas dessas nos colocam no pelotão da frente?”

CL – “Minha querida portuguesa, é muito simples, vou falar claro e com rigor. Ao assumirmos estas medidas tão inovadoras estaríamos entre os primeiros da Europa a fazê-lo, e como sabe, depois de estarmos entre os primeiros, não vamos querer deixar de continuar nessa posição. Por isso, o falar de pontapé de saída. Depois, como sabe, para além do carácter pioneiro que tal medida assumiria na Europa, poderia ter também um impacto económico enorme, ao nível da expansão do turismo. A comunidade LGBT é uma comunidade de forte poder económico, pelo que as excursões para casar cá acorreriam em massa, vindas de toda a Europa. E, ainda mais, pense que se incentivarmos estas medidas, já viu o que se vai poupar em subsídios de nascimento? Isso seria de fundamental importância para as depauperadas finanças públicas...”

CR – “Pois, pois estou mesmo a ver... Mas isso são apenas 2 medidas. Então e a terceira?”

CL- “Sim, sim claro. Pensamos que os portugueses e as portuguesas têm de ter quem lhes fale claro e acho que é fundamental que sejam introduzidas medidas para acabar com os “candidatos-bandidos...”

CR – “Candidatos Bandidos? Mas isso não era nas autárquicas? Não passou a campanha a clamar contra as Felgueiras, os Isaltinos e Valentins?”

Nesse momento, Fazendas aproximou-se de Louçã e dizendo em tom baixo, mas sem conseguir evitar que o ouvisse “Chiko, Chiko, não fales sobre isso, pá. Já te esqueceste que votámos contra essa lei no parlamento?”. E falando mais alto, para mim, disse “Desculpe cara portuguesa, mas já estamos atrasados. Se tiver mais perguntas, envie-as por correio para a direcção da campanha”. E puxou Louçã, que sem perder a compostura, lá foi com ele. Rosas, no excelente papel de emplastro que desempenha, voltou-se repetindo ainda a tirada inicial: “Fique atenta minha querida, que um dia destes ainda criamos um espaço político para corporizar as propostas aqui do Chiko. É que elas são excelentes... até eu já reparei nisso, veja lá”. E ainda consegui ouvir Fazendas de novo “Eu bem dizia que não devias trazer este prá campanha...”
E lá se foram, no meio dos sons dos tambores, cada vez mais distantes...


Nota CR: Qualquer semelhança entre os personagens desta estória e personalidades vivas ou mortas é mera coincidência...

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