quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Sócrates, na mensagem de Natal.


José Sócrates, na mensagem de Natal que dirigiu aos portugueses, elogiou-se a si próprio e ao seu Governo, essencialmente por três coisas: porque controlou o défice do Estado, porque conseguiu estancar o aumento do desemprego e porque diz já haver sinais de crescimento da nossa economia.
Talvez haja. Mas o ano de 2007 deixa um rol de más memórias. Quinhentos mil desempregados, aumento do número de pessoas a viverem em condições de reconhecida pobreza, escândalos na banca que ninguém percebe como chegaram onde chegaram sem que quem de direito tenha fiscalizado a tempo, agravamento das condições de vida da classe média, diminuição do poder de compra, inesperado aumento do protesto social.
Mas o pior vem a reboque de tudo isto. Cresce todos os dias o sentimento de que só importa o presente, o imediato, gasta-se agora e logo se vê, viaja-se agora e logo se paga, chumba-se agora e logo se passa. Portugal está cada vez mais mergulhado num clima de pobre imediatismo, como se cada um vivesse sem ter que pensar que há amanhã, que há filhos, que há sequência, que não é indiferente fazer “assim ou assado”. E esse é um discreto mas assustador sinal de alarme que cresce na sociedade portuguesa.

É característico das sociedades sem esperança. E não compete aos Governos dar um sentido à vida de cada um. Mas fazer do défice o tema chavão de uma mensagem de Natal não estimula ninguém a pensar no essencial

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