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O tempo esbate as feridas e as más memórias - dores, afrontas, insucessos, golpes baixos. Mas não só. Também o espantoso e o grandioso é esbatido e banalizado pelo tempo. Habituamo-nos às coisas, e o seu lado fantástico e maravilhoso desaparece com essa habituação.
É uma lei natural, a que o amor – com o que ele pode ter de grandioso - não está imune. E é o que Úrsula Guin expressa de forma superior:
O amor é como o pão; tem que ser amassado, feito de novo, todos os dias.
A habituação e a falta de novidade podem de facto ser o túmulo do amor – um túmulo de onde ele não ressuscita mais, ou de onde só ressuscita nas nossas memórias, e nomeadamente nos mitos criados pela literatura e pelas publicações cor-de-rosa.
Mas há obviamente outras causas. Muitas vezes, no caso do amor romântico, é a ilusão que morre, são as miragens de seres maravilhosos que desaparecerem, para assumirem a sua condição plebeia.
Outras vezes é a falta de amor verdadeiro:
Quantos homens pensam que amam uma mulher, quando apenas queriam era realmente ter um orgasmo com ela? É desleal! Por acaso ela sabia disso...
Ele já não ama , como há dez anos atrás. Acredito piamente nisso. Ela não é a mesma, e tão pouco ele o é. Ele era jovem. (…) Talvez ele ainda a pudesse amar, se ela fosse como antes, se fosse apenas uma marionete, digamos um pau mandado, uma pessoa sem personalidade.Porque ela mudou, e percebeu o que até então não tinha percebido, ou não queria perceber,Ele deixou de a amar...Mas será que ele alguma vez a amou! ou apenas a usou...
Ou outros factores... O hábito e o tempo não são definitivamente explicação para tudo.
Desculpem o meu péssimismo, ou realismo, este texto é dirigido a quem não sabe amar, apenas conhece, a obecessão(do quero posso e mando) ou nunca entendeu o que é amar.
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