O aborto baseado no sexo do feto é uma realidade que deve ser cada vez mais denunciada. Este holocausto silencioso é sobretudo evidente na China e na Índia, países com um rápido crescimento demográfico e com fortes tradições patriarcais, onde o estatuto da mulher é inferior ao do homem e esta é muitas vezes encarada como um fardo para a família. Com a evolução da tecnologia, com a disponibilidade de exames como as ecografias, tornou-se possível para muitos casais abortarem os indesejados fetos do sexo feminino.
Em 1997 a OMS (Organização Mundial de Saúde) denunciou o desaparecimento de cerca de 50 milhões de mulheres na China devido à política do filho único que o governo implementou desde o final da década de 70. As tradições patriarcais chinesas têm raízes fortes e profundas que levam muitos casais nas zonas rurais e também nas grandes cidades a optarem pelo aborto selectivo (apesar de este ser proibido pelo governo chinês). Para terem uma idéia, neste momento na China por cada 100 meninas nascem 120 rapazes. Nas próximas décadas, estima-se que 23 milhões de homens chineses serão incapazes de encontrar uma parceira. O tráfico de mulheres e crianças na China tem vindo a aumentar de forma dramática. Espera-se inclusivé um aumento da criminalidade e a formação de ghettos para homens solteiros. O Estado chinês poderá ser mesmo obrigado a refrear e a bloquear as reformas democráticas.
Tudo porque um homem vale mais que uma mulher.
Mas não pensem que o mundo ocidental está livre do aborto selectivo. No Canadá, mais precisamente em Toronto, um laboratório consegue determinar o sexo de um embrião através da análise sanguínea a uma mulher grávida. Não é só a pura curiosidade que leva muitos pais a recorrerem a essas análises. Como a maioria prefere um bebé do sexo masculino, caso o resultado não lhes agrade podem abortar.
Mais uma razão que reforça o meu NÃO à liberalização do aborto.
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