terça-feira, 6 de dezembro de 2005

Quem é o pai natal? Natal é nascimento, neste caso o de Jesus. As crianças sabem disso!!!


Amigos hoje resolvi falar-vos do Natal.
Lembro com grande saudade o Natal autêntico, não a palhaçada que agora fazem com essa quadra. Lembro-me do Natal em casa dos meus pais e meus tios. Era uma magia que vivíamos, tão fantástica que não consigo descrever a emoção desses tempos.
Desde criança que vivi rodeada de gente. Eram os trabalhadores da casa e a minha família. Éramos 10 filhos e era mágico o ambiente desse dia. No dia 24, pela manhã, a minha mãe ia às compras e nós ficávamos a enfeitar a casa e a fazer o presépio. Íamos buscar musgo, procurar um pinheiro e, depois, enquanto os rapazes da casa faziam o presépio nós, as raparigas, íamos às árvores do campo e do jardim colher ramos para fazer o arranjo da mesa da sala de jantar. A mesa era enorme, logo tínhamos de compor um arranjo grande. Lembro-me que forrávamos uma caixa de transporte de azulejos com papel de prata vermelha e depois decorávamos essa caixa com ramos, de nespereira, de pinheiro e sobreiro, e muitas outras de que não lembro do nome. Colocávamos algodão e bolinhas coloridas e deitavamos farinha de trigo para imitar a neve e depois de posta a toalha, colocávamos o arranjo na mesa. Em seguida era decorado o pinheiro. A sala ficava com um aspecto mágico.
O almoço desse dia era muito simples. No fim da refeição de almoço, a minha mãe começava a fazer os doces da quadra e saía da cozinha um cheirinho fantástico. Nesse dia ninguém se zangava pois estavam todos empenhados na tarefa de arranjar a Ceia de Natal e com tudo adequado ao que celebrávamos, que era o nascimento de Jesus. Uns partiam nozes, outros pinhões e outros desfaziam o pão para os mexidos. O fogão de lenha era pequeno para tantos tachos. Nós participávamos em tudo, pois nesse dia todo o pessoal que trabalhava lá por casa ia para suas casas ao fim do almoço.
No início do jantar era fascinante. A minha mãe preparava a lareira com grandes toros "Madeira" para durarem noite toda. Todos sentados à mesa sentíamos aquela alegria de ser a Ceia de Natal, a noite de Consoada. O jantar, ainda que simples, era sempre tão delicioso: as batatas cozidas com bacalhau, olhos de couve e grelos, nada mais. O resto eram os doces confeccionados pela minha mãe, as deliciosas rabanadas, a aletria, os mexidos e os bolinhos de jerimú. O meu pai comprava um pão de ló, e havia ainda muitos frutos secos.
Não era a riqueza do menu, era a riqueza da reunião familiar, da alegria de comemorar o nascimento de Jesus que nos deixava tão felizes, e assim ficávamos noite dentro jogar ao “rapa” com o meu pai contavamos estórias etc. O divertimento durava madrugada adentro, até que, enfim vencidos pelo cansaço e pelo sono, lá ia cada um para a sua cama. Na manhã seguinte os mais pequenos tinham ao lado deles, na cama, uma prendinha. Quando eram dois na mesma cama, tinha a mãe de escrever o nome de cada um, para não haver problemas. Era fantástico ver a letra do menino Jesus, magnífico!

O Natal de hoje é uma ofensa ao autêntico Natal. Para já, as pessoas não comemoram nada, e depois anda aí alguém a quem chamam de Pai Natal, confesso não sei quem é, senão uma invenção da Coca Cola. Gastam-se rios de dinheiro em prendas que nada tem a ver com o Natal. Â ideia das prendas vem do S. Nicolau, antecessor do Pai Natal da Coca-Cola, e que se comemorava em 6 de Dezembro. As crianças estão de tal maneira anestesiadas com tantas prendas que nem sabem o que o dia representa. Mostram-lhes o Pai Natal e elas coitadinhas são vitimas da ignorância dos pais. Para as crianças de hoje, quem é o menino Jesus? Não sabem.
As pessoas presentemente vivem esta quadra de uma forma que nada tem a ver com o Natal. Gastam milhares em prendas e as crianças recebem mais brinquedos do que faz sentido, e no fim não lhes ligam nenhuma. Como dizia uma funcionária de uma loja de brinquedos “Crise! Qual crise? O menino diz que gosta do brinquedo, pode ser caro,mas os pais vem à mesma comprá-lo”. Que despesismo louco, desenfreado e supérfluo, em que se gastam mundos e fundos! Que desvirtuar do sentimento do verdadeiro Natal, em que se valorizam as prendas superflúas e em que não se ensina às crianças que é o nascimento de Jesus que se celebra. Sinto revolta deste novo conceito de Natal.

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