quinta-feira, 1 de junho de 2006

Futebóis


Agora já se sabe porque não ouve ninguém


Futebol, futebol, futebol. Selecção Sub-21, Selecção A, vamos ser campeões, “Quem manda sou eu”, “Acho que estão a fazer festas demais…”
Os dias quentes que temos vivido têm sido de um frenesim jornalístico à volta do futebol e das selecções da F.P.F.. Os jornalistas alimentam a febre popular de “glória” desencadeando um verdadeiro “passanso” colectivo faces às equipas que representam a lusa pátria no jogo do pontapé na bola. Um incauto que olhe de repente, dificilmente deixará de julgar que a salvação da pátria está em jogo. Ninguém falta a apoiar os “nossos rapazes”, que se aprestam para defrontar o destino e, espera-se, trazer o “caneco”. Portugal, Portugal, Portugal…

“Os nossos rapazes”, esses esgotam-se em autógrafos, sessões públicas, homenagens, sujeitos multidões de adolescentes, adultos, crianças e velhinhos, que querem tocar nos “Magriços”, “Tugas”, “Patrícios”, “Scolários”, ou o que quer que seja que chamam à edição de 2006 da equipa da F.P.F.. Quando não estão no cansativo exercício das suas tarefas de representação, treinam no aprazível e ameno micro-clima eborense, ou jogam com equipas representativas de verdadeiras potências futebolísticas, como o Luxemburgo ou Cabo Verde.

A scolariana selecção é um bom exemplo de algumas coisas que mal correm no país. Premeia-se o amiguismo em vez da competência (Baía ausente, Maniche, Costinha, presentes…). Privilegia-se a festa em lugar do trabalho. Canaliza-se a energia da Pátria para o acessório, em lugar do fundamental (Crise?! Qual crise?! A selecção é o que está a dar, e desde há 32 anos que é o povo quem mais ordena). Felipão é arrogante, malcriado, não tem de dar explicações à populaça sobre as escolhas que ele, iluminado e já Campeão Mundial, faz. O povo, inebriado pelo cheiro a título, que num segundo nos atirará para a frente do mundo desenvolvido, não quer saber.

Com ou sem a vitória da selecção de Scolari, depois do Mundial do chuto na bola, o país continuará com os mesmos problemas, com o mesmo cinzento futuro… certamente mais triste, porque constatará que o Mundial só é bom para as vedetas da lusa bola, para o Sr. Scolari e “sus muchachos”, para as Rádios Populares, Feiras Novas e Continentes, e para os bancos e instituições de crédito que garantem a presença de um novo e fantástico televisor plasma na sala de cada portuguesíssima família.
É pena que só haja interesse na mobilização das pessoas para coisas que não interessam para nada…

Um abraço para todos

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