sexta-feira, 30 de setembro de 2005

A minha "Dread" e a revolta contra os Betos

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Em Gaia no torneio de 2004 onde ganhou a medalha de prata "peso 25 a 30" kilos

Hoje vou vos falar da minha querida "sobrinha" e da influência negativa de uma certa novela e da luta dela entre os:

Dreads e Betinhos

Com 10 anos já tenta acompanhar a moda. Diz que é uma "dread" (malditos Morangos com Açúcar!). O pior é que, pelos vistos, me obriga a mim a ser "dread" também. Se quero ouvir um CD no carro, ora tem de ser a música dos D'zart, morangos com açúcar ou ainda uns quantos outros"eu que me aguente" se digo não, vai cara virada para o vidro da janela toda a viagem e se me distraio lá põe ela a musica que ninguém ouve . Nada de músicas minhas, porque essas músicas são de "betos" e ela não é "betinha", pois claro!
Quando lhe coloco a roupa para ela vestir para ir para a escola, escolhendo eu, claro, do que acho que melhor combina com ela de forma a ficar assim a minha coquetezinha, ela sai da banheira e entra pelo quarto dentro de rompão e diz: "não quero esta roupa, já te disse que não sou beta!" É discussão garantida! Às vezes sou condescendente, outras nem por isso. Gosta de andar de calças super compridas, de preferência um pouco desfiadas em baixo mas que vergonha penso eu... Nada de T-shirts com gola, porque é "à beto", claro! Mas pensando bem e ás tantas ainda tenho é sorte, porque pelo menos a linguagem dos tais "dreads", conhece-a, mas não a usa, graças a Deus.
É uma rapariga toda virada para o desporto.Mas preocupadíssima em não engordar, ás vezes entra em pánico, porque acha que descobriu que tem celúlite. Pois respondo eu em tom sarcástico só se for nas "orelhas". Desde os 4 anos que pratica Taekwondo. É cinto castanho e 3º Kup e já ganhou 2 medalhas em "prata"em competição. A informação dada pelo instrutor dela é que ela é obediente e tem um grande poder de concentração nos combates. Porque tem de ser uma pestinha para mim!!! Mas tenho de confessar eu adoro a agressividade dela e a espontaneidade com que se manifesta, "sai á tia" que com 13 anos obriguei a minha mãe a dar-me uns sapatos de salto alto que estavam na moda e faziam tric tric olaré.
A minha "dread" é a minha maior crítica. Quando faço alguma coisa de que não gosta, seja lá por que razão for, está sempre a reprovar-me. Quando em situações públicas a que tenho de me expor, tem sempre que me reprovar, ou porque tremi, ou me engasguei, ou estava nervosa, enfim, lá vem crítica, tira-me do sério por vezes e claro como não tenho sangue de barata, alteio-lhe a voz mesmo na rua, não é que ela se afasta como não me conhecendo, e quando me aproximo "depois de confirmar que ninguém está a ver" olha-me com um ar de quem não me conhece e diz "nom tom acusatório" "só me envergonhas" ai que um dia, eu passo-me a vai haver problemas no meio da rua ;). Por vezes fico triste com esse comportamento dela, e lá vem a lagrimazita, o que a preocupa de imediato, e eu tenho de usar a mentirita benévola: "é da constipação, não te preocupes" meu amor “pois o costume”responde ela sem complacência.
Para a minha “dread” ter 30 anos é ser-se velho, ó meu Deus, que desolada fico com esse adjectivo .
Mesmo querendo ser uma "dread" pura e dura, aqui há dias recebi uma convocatória da escola para ir falar com a directora de turma dela, fiquei toda babada com o que ouvi . Então, de acordo com a directora de turma, ela é uma menina super educada, com boas maneiras, que fala muito bem e só fala quando lhe é feita alguma pergunta, fora disso mantém-se em silêncio e atenta. "isto ora põe me assim com cara de bókó",que se distingue, no meio de uma multidão de crianças. Nada que ainda não soubesse: bem comportada fora de casa, pestinha só comigo! É a minha "dread" favorita, mesmo se para ela não passo de uma "betinha"embora ela diga que estou a melhorar, pois já tenho corsários remendados e tal, é que ela repara nisso!

A música dela favorita “Todo o tempo” dos D’zart.

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